segunda-feira, 23 de junho de 2008

O romantismo

Concedo que não sou a pessoa mais indicada para escrever sobre o fim do romantismo. Qualquer pessoa poderá dizer (começando por mim mesma) que o romantismo não morreu, não há é quem seja romântico comigo. Ou à minha volta. Seja. Para essas afirmações, eu respondo na mesma: já não há pessoas românticas. Pessoas arrebatadas, veementes, apaixonadas, loucas, arrojadas, inconscientes, impulsivas, romanticamente desesperadas.
O Pedro defendeu no outro dia, a propósito de um espectáculo do Dylan Moran, que, ao contrário da conotação feminina da palavra romantismo, já não há mulheres românticas. Mais: nas grandes cidades, há apenas mulheres gélidas.
Dissessem-me isto há uns tempos, e a minha reacção seria dada pela costela feminista. Que os homens é que perderam todo o romantismo, as mulheres são apenas mal compreendidas. Mas como não foi há uns tempos, mas sim há uma semana, a minha reacção foi apenas esta: não há mulheres românticas, mas também não há homens românticos.
Já ninguém morre de amor. Ninguém deixa de comer porque só pensa noutra pessoa. Ninguém se fecha em casa com um desgosto amoroso. Hoje, se alguém demonstra interesse (outra palavra que matou o romantismo), é sempre comedidamente. Fica um convite no ar, não se insiste muito para não se parecer um louco obcecado, e é ver como a coisa anda. Se dizemos que agora não dá, pedem para avisar quando der. E pronto.
Claro que esta coisa de seguir os impulsos e ter actos tresloucados, tem sempre um revés maldoso. Ninguém quer uma pessoa que não deseja a cantar uma serenata à porta de casa, com um ramo de flores e dois bilhetes de avião para o Tahiti na mão. Ninguém quer alguém de quem não gosta a insistir em viver feliz para sempre. Mas desistir logo? Esperar para ver as cenas dos próximos capítulos? Andar aos beijinhos e não falar sobre isso e logo se vê? Remoer uma paixão durante meses e meses e não dizer à pessoa que está ao nosso lado que quando ela aparece o dia que era de chacha fica logo diferente?
E o pior é isto: é ser sincero e ficar com o rótulo de pessoa precipitada. É, de repente, ser um ovni só porque se disse "gosto de ti".

11 comentários:

CHM disse...

Ora, as adolescentes ainda morrem de amor e deixam de comer por causa dos meninos dos Tokio Hotel e assim =). Ainda há esperança!

Anónimo disse...

São os efeitos da sociedade de consumo. As pessoas vêem-se umas às outras como os objectos. Em qualquer altura podem ser trocados pela última novidade!

SMS disse...

Mentira, mentira, mentira. Tu podes andar com azar, as tuas amigas podem andar com azar, mas eu tenho um homem romântico. Que me faz surpresas, que me escreve bilhetinhos, que me faz surpresas, que marca e oferece viagens e fins-de-semana super apaixonados, que dá flores e que não deixa passar um dia sem dizer que eu sou a mais bonita do mundo e que me ama muito. Não há homens românticos? Há, sim senhor. Podem é ser poucos, o que os torna ainda mais encantadores.

juliette disse...

SMS: Confesso que ponderei, seriamente, em colocar um asterisco neste texto. Seriamente. E tudo porque vocês são, sem dúvida, uma grande excepção a tudo o que aqui está escrito. Um reduto. A minha esperança. ;)

Maria Inês disse...

Ora eu também acredito que os haja, eu por exemplo sou uma romântica... só que quando uma pessoa começa a coleccionar desgostos e a perceber que se continuar a agir da mesma maneira o mais provável é continuar a sofrer tem de pensar em mudar de estratégia. Eu por exemplo considerei transformar o meu coração num cubinho de gelo! (mas cheguei à conclusão que isso é radical de mais para mim...) O problema é que sempre que deixamos que percebam que gostamos mais deles que eles de nós... eles deixam de se esforçar e fogem!
Mas eu tenho esperança... continuo a acreditar no amor e no romantismo!! =) E um dia havemos de ser todos felizes...

MissKitsch disse...

Homem romântico foi coisa que nunca cruzou o meu caminho.
Mas, por outro lado, ao mínimo sinal de romantismo fora de época, começo logo com um "mauuuuuu, que é que andaste a fazer que sentes a necessidade de me compensar?"

Não sei de quem é a culpa. Se deles, Se nossa, que estamos a ficar pior do que eles.

Anónimo disse...

Oiee!! Eu acho que a melhor época literária foi a que o Romantismo estava em foco e que o mesmo jamais morrerá como foi dito por aqui e por outras opiniões! Por transformações na sociedade e devido tbm a diversos fatores, o romantismo ficou cada vez mais longe do foco das pessoas, dando espaço a outras influências que prejudicam, de certa forma, os eternos apaixonados - principalmente as mulheres que parecem ter sido geneticamente programadas para amar (o contrário dos homens. rs). Outro dia desses estava pela internet e achei uma lista com vídeos das melhores músicas românticas ... elas me trouxeram tantas lembranças, foi muito bem feita. Caso você queira consultá-la, o link é esse: www.weshow.com/top10/pt , ok? Fica aqui a dica! Parabéns pela matéria. Beijos

Joaninha, ju, djana, janeca, jojie... disse...

Eu também sou uma romantica incurável, e tal com a SMS tem a pessoa perfeita comigo, e faz tanta coisa para me agradar, e diz-me o quanto gosta de mim e como sou linda! é simplesmente amoroso! beijinhos e parabens pelo blog!
P.S->desculpa o 1ºcomment mail errado!

Anónimo disse...

É tudo mentira, m.

Espiral disse...

O meu ex-namorado (ainda me custa dize-lo) acabou comigo ha 2 meses e meio. Ainda doi muito. Ainda choro. Ainda não passei em frente. Ao fim do primeiro mês, disse-lhe.
Ele não foi indelicado, mas foi frio. "Jão não sinto o que sentia". Ele é dos que segue em frente. Não levo a mal. Goi sempre sincero comigo e só posso agradecer-lhe por isso.
Mas ainda o amo. E vai custar a passar. E sim, sinto-me um ovni.
Mas não quero deixar de ser um ovni se isso implica deixar de amar a sério.

Um beijo a todos os ovnis e também aos não ovnis 8também têm direito à vida lol)

Espiral

Anónimo disse...

Olá Juliette!

Esta é a minha primeira vez neste teu cantinho e tenho a dizer que estou a gostar muito ^^

Decidi que o meu primeiro comentário seria a este post visto que estou nessa mesma fase de dúvida se existirá/restará ainda homens românticos neste planeta!

Tenho que confessar que sou uma autêntica "ovni", que o ultimo relacionamento que tive demorou 3 anos a que as feridas cicatrizassem... Mas sou um "ovni" que nos últimos tempos aparece no céu ainda menos vezes que outrora, porque isto de sermos apelidadas de "precipitada" tem um grande revês, a notícia espalha-se mais velozmente que um rastilho de pólvora entre o género masculino e depois é vê-los fugirem como se fossemos satã! :( Bahh...

Mas hei-de sempre orgulhar-me em ser uma romântica, em gostar dos pequeninos gestos que marcam a diferença, já faz parte de mim!

Parabéns aqui pelo teu estaminé! ^^

Hei-de voltar, tá prometido ;)

Ju