sábado, 27 de agosto de 2011

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Porque é que nunca ninguém nos avisou que o problema não era só a tampa da sanita levantada?

Não é fácil viver com uma pessoa, não é. Percebi isso mais ou menos há dois anos, quando comecei a viver com uma pessoa, a minha pessoa. Não que eu achasse que me ia cair uma alma gémea do céu que quisesse fazer só as mesmas coisas que eu, tivesse exactamente os mesmos hábitos que eu e deixasse tudo no sítio tal e qual como eu idealizo (até porque isso não seria uma alma gémea, seria uma sombra, um enjoo). A questão é: porque é que nunca ninguém nos avisou que o problema não era só a tampa da sanita levantada? Que toda a gente tem manias e que essas manias quase nunca são as mesmas debaixo do mesmo tecto, sobretudo entre homens e mulheres? Nem é que eu me possa queixar da tampa da sanita levantada, porque isso nunca acontece cá em casa. Mas há sempre qualquer coisa que, ao fim de tantos meses e de tantos pedidos, me deixa quase com o olho a tremer de nervoso. O rolo do papel higiénico sempre fora do suporte, e eu estremunhada de manhã a ter de o procurar pela casa de banho fora, com a certeza absoluta de que se inventaram um suporte para o papel higiénico e nós o fomos comprar a condizer com o resto e tudo... é para o ter no suporte. O projector em cima do espelho sempre a apontar para o tecto, e eu a pôr o rímel nos olhos como uma toupeira míope até perceber que a luz está a apontar para as alturas, onde não interessa nada. A televisão sempre a fugir para a Sport tv 1, a Sport tv 2, a Sport tv 3, a Sport tv 4, a Sport tv HD, porque quando não é o Benfica é a Liga inglesa ou a Liga italiana ou a Liga espanhola ou a Liga Europa ou uma taça qualquer daquelas que acontecem todos os fins de semana e-deixa-me-lá-ver-só-um-bocadinho-para-saber-qual-é-o-resultado. O lençol que ao fim de uns minutos parece um guardanapo amarrotado aos pés da cama e não há maneira de puxar quando se está a tiritar de frio. E tanta coisa que me leva a pensar que deviam dar um prémio aos casais que vivem juntos e conseguem continuar a gostar um do outro e a querer construir um futuro juntos. 
O mais parvo, no meio desta saga diária, é que quando estou sozinha em casa, deliciada por ter o sofá só para mim, a televisão só para mim, a pior música que me apetecer aos berros, dou por mim aborrecida ao fim de umas horas, durmo mal de noite e sinto a falta de alguma coisa. O que só quer dizer que não é fácil viver com uma pessoa, não é. Mas não é mau de todo.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Verão da treta

Estou eu aqui a falar de me plantar ao sol e libertar o Mogli que há em mim já daqui a dois dias, e parece que dão chuva para a semana. Com sorte, a única coisa libertadora que vai acontecer é um momento Singing in the rain. Com galochas. E gabardine.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Redacção de sonho

Sempre fui uma frequentadora assídua do Who What Wear e adoro o novo grafismo e organização do site. Há uns dias, foram publicadas as imagens das novas instalações da equipa e percebi que as adoro também a elas. Parecem um catálogo e custa a crer que fiquem tão perfeitas e arrumadas quando o trabalho aumentar. Mas são lindas e gostava de ter umas iguais. Bem sei que a inveja é pecado e bla bla bla, mas já que trabalho numa revista, será que era muito pedir umas instalações assim? Eu até vinha trabalhar com mais alegria, e isso é sempre bom, não é?

A recepção:

 
O gabinete da directora criativa:




O gabinete da directora editorial:



Pormenor desse gabinete que vou já roubar para a minha casa:



Corredor com área de trabalho:



Sala de reuniões:


terça-feira, 23 de agosto de 2011

Na mesa de cabeceira


Se isto eram os testes, não admira que as fotos sejam tão boas.

Antes das férias

Sempre tive um problema com as férias. E não estou a falar do problema que toda a gente tem: passarem depressa de mais. O meu problema é o antes. Fico aérea na antecipação. Distraída, desconcentrada, parva, quer vá para um país tropical ou para a localidade aqui ao lado. Nos tempos da escola, os professores costumavam escrever uns recados para casa a dizer que no primeiro período eu não me esforçava o suficiente e estava “muito no ar” (nessa altura acho que era pior o regresso das férias do que a véspera, afinal três meses davam para muita coisa e certamente para desaprender a estar quieta numa sala de aula). Houve um ano em que um professor até me mudou de lugar porque eu me distraía demasiado com a janela e com a vida lá fora. Felizmente para mim, estou de costas para a janela no trabalho e não consigo perder-me em devaneios a imaginar onde vai o rapaz com as flores ou no que pensa a senhora tão absorta que atravessa a estrada. Mas continuo parva na minha contagem decrescente e a ter de treinar um poder de concentração fantástico que me faça esquecer que faltam três dias para estar ao ar livre e sem horários. Deve ser a minha costela Mogli, menina da selva. E neste momento faltam mesmo três dias e já estou na fase em que me imagino descalça e sem roupas apertadas e a derreter ao sol. Alguém falou em hora de fecho e em deixar trabalho adiantado para a semana em que estou fora? Hein? Alguém? Desculpem, estava distraída e não percebi.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

As maravilhas de ter sofá (depois de um ano sem ele)

Eu, que nem sou uma pessoa muito dada à televisão, descobri que gosto de ver programas de culinária. Que são o melhor que me podem dar quando chego a casa cansada de estar ao computador ou de ler livros e palavras intermináveis por dia. Bem posso ficar com o estômago colado às costas ou a salivar por um pastel de nata às duas da manhã, como se estivesse grávida, mas gravo tudo, e vejo tudo. O entusiasmo lá em casa é tanto por estes dias que ontem, na 458254567ª expedição ao Ikea, dei por mim a passar que nem uma seta por aqueles modelos de casas de 30 metros quadrados, onde gosto sempre tanto de entrar, e a ficar verdadeiramente empolgada ao pé dos utensílios de cozinha que há umas semanas atrás despertariam o mesmo entusiasmo que uma caixa de bricolage. Trouxemos um esmagador de alhos, uma frigideira de grelhar, uma pinça para virar os grelhados e dois pincéis para os barrar com molho. Ainda agarrámos num ralador de queijo, num cortador de ovo cozido e num almofariz um bocadinho maior do que o nosso. Esses voltaram para a prateleira, porque ainda não estamos tão fanáticos como isso, mas temo que seja apenas por uma questão de dias. Se eu vier para aqui falar de comprar azoto líquido para fazer gelados ou de outras geringonças para fazer cozinha molecular, internem-me, por favor.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

E por falar em lamber montras

Ando há dias a tentar apanhar esta t-shirt na Zara e não há maneira de chegar. É que tanta coisa que eu gosto num só pedacinho de algodão até parece mentira.

Un certain je ne sais quoi

aqui neste blogue falei sobre a maravilha que pode ser o francês por causa de expressões como empêcheur de danser para desmancha-prazeres. Ontem descobri mais uma para quando se anda a ver montras: lèche-vitrines. À letra é lamber o vidro das montras. E eu bem sei o que isso é.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Uma questão de “ésses”

Anda aí uma polémica por causa dos Estrunfes, que agora andam cheios de americanices e passaram a Smurfs. Percebo a polémica e não concordo com a mudança – os espanhóis, sempre tão rápidos a fazer dobragens, não foram na conversa e mantiveram Pitufos, que assim de repente é que não tem mesmo nada a ver – mas confesso que me passa um bocadinho ao lado. “S” por “s” bem podem ficar com os Smurfs que eu prefiro o Snarf, dos Thundercats.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Rádio nostalgia

Quando era pequena, lembro-me de ouvir a minha mãe comentar, em certas músicas, que ficava nostálgica e que eram “do tempo em que era nova, que saudades”. Eu ria-me das capas dos discos, dos cabelos compridos e encaracolados à cão d’água, dos bigodes farfalhudos, e chamava-a exagerada por não conseguir ouvir uma música sem lhe colar toda a bagagem dos anos passados. Hoje dou por mim surpreendida por músicas “do meu tempo” e já sei o que é essa nostalgia dos 15, 16 anos, das baterias aos gritos na aparelhagem que nunca me cansavam, das letras de amor que me faziam chorar baba e ranho e ficar com os olhos tão inchados como duas esponjas na água, com a certeza de que a minha vida tinha acabado porque o não sei quantos não me ligava nenhuma. Sei o que é isso e acho que não há nada que nos transporte tão bem para uma determinada idade, Verão ou fase, do que uma canção. Ainda não tenho filhos, mas já tenho a certeza: vou andar com eles no carro, vou ser surpreendida por uma música e também eu vou começar com a história do meu tempo e das saudades. Eles que gozem à vontade.

Antes que passe um ano

Vamos lá ressuscitar isto.