quinta-feira, 26 de junho de 2008

Um cérebro nem sempre inteligente

Ela diz que nunca mais lhe vai falar, e no primeiro momento em que se apanha sozinha, telefona-lhe.
Eu digo que não vou ter saudades dele porque não há nada de que ter saudades, e tenho saudades.
Ela diz que não quer saber das justificações dele para nada, que chegou ao limite da paciência, e fica toda a noite sem dormir à espera de uma mensagem.
Eu às vezes quero e sonho tanto com uma coisa, que acabo com memória fotográfica de momentos que nunca aconteceram.
E gostava de saber que parte idiota do nosso cérebro é que permite que tudo isto aconteça.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

O romantismo

Concedo que não sou a pessoa mais indicada para escrever sobre o fim do romantismo. Qualquer pessoa poderá dizer (começando por mim mesma) que o romantismo não morreu, não há é quem seja romântico comigo. Ou à minha volta. Seja. Para essas afirmações, eu respondo na mesma: já não há pessoas românticas. Pessoas arrebatadas, veementes, apaixonadas, loucas, arrojadas, inconscientes, impulsivas, romanticamente desesperadas.
O Pedro defendeu no outro dia, a propósito de um espectáculo do Dylan Moran, que, ao contrário da conotação feminina da palavra romantismo, já não há mulheres românticas. Mais: nas grandes cidades, há apenas mulheres gélidas.
Dissessem-me isto há uns tempos, e a minha reacção seria dada pela costela feminista. Que os homens é que perderam todo o romantismo, as mulheres são apenas mal compreendidas. Mas como não foi há uns tempos, mas sim há uma semana, a minha reacção foi apenas esta: não há mulheres românticas, mas também não há homens românticos.
Já ninguém morre de amor. Ninguém deixa de comer porque só pensa noutra pessoa. Ninguém se fecha em casa com um desgosto amoroso. Hoje, se alguém demonstra interesse (outra palavra que matou o romantismo), é sempre comedidamente. Fica um convite no ar, não se insiste muito para não se parecer um louco obcecado, e é ver como a coisa anda. Se dizemos que agora não dá, pedem para avisar quando der. E pronto.
Claro que esta coisa de seguir os impulsos e ter actos tresloucados, tem sempre um revés maldoso. Ninguém quer uma pessoa que não deseja a cantar uma serenata à porta de casa, com um ramo de flores e dois bilhetes de avião para o Tahiti na mão. Ninguém quer alguém de quem não gosta a insistir em viver feliz para sempre. Mas desistir logo? Esperar para ver as cenas dos próximos capítulos? Andar aos beijinhos e não falar sobre isso e logo se vê? Remoer uma paixão durante meses e meses e não dizer à pessoa que está ao nosso lado que quando ela aparece o dia que era de chacha fica logo diferente?
E o pior é isto: é ser sincero e ficar com o rótulo de pessoa precipitada. É, de repente, ser um ovni só porque se disse "gosto de ti".

sexta-feira, 20 de junho de 2008

E agora?

A minha equipa desceu de divisão.
Portugal foi eliminado do Euro....
E agora? O que é que eu vou fazer?

terça-feira, 17 de junho de 2008

Encontros imediatos do terceiro grau

Ontem, para variar um bocadinho, saí às 18h em ponto. Ou seja, tive tempo para lanchar como as pessoas normais, sentadinha a uma mesa com o meu palmier coberto (quilos de açúcar e milhões de calorias em cada dentada, que eu não faço a coisa por menos). Chega a minha mãe, a única pessoa que eu conheço que é ainda mais distraída do que eu no que toca a reconhecer pessoas na rua. E é quando ela pergunta ao senhor do lado se pode tirar a cadeira, e uma voz conhecida responde:

"claro"

que eu vejo que ali ao lado, sentadinho com o seu lanche, está nada mais nada menos que................

... Eládio Clímaco. E assim de repente, com aquele

"claro"

foi o regresso ao passado: os Jogos Sem Fronteiras, o Festival da Eurovisão, os anos 80, o princípio dos anos 90, e eu de franjinha e com os olhos colados à televisão.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Primeiro pensamento

Primeiro pensamento do primeiro dia de regresso ao trabalho:

Faltam 33 dias para as férias.

domingo, 15 de junho de 2008

Amor é...

... um casal de sessenta anos, deitado lado a lado na praia, de barriga para baixo, a ler a mesma revista.

sábado, 14 de junho de 2008

Não sei...

... se é do sol na cabeça, dos mergulhos no mar, do cheiro a pão quente que apanho no caminho de casa, ou se é pura e simplesmente gulodice, mas chega a esta hora e eu juro que o meu apetite é maior do que o da Magali.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Apagar

Ter tempo dá nisto: atiro-me para cima de um sofá e agarro nos dois telemóveis, pronta a apagar as mensagens que não valem a pena recordar. Mais do que isso, pronta a apagar as esperanças teimosas que ainda vou tendo, em relação a pessoas que claramente não têm mais nada para me dar. (apagar essas pessoas é que já é mais difícil, mas eu juro que me esforço).
Cinco minutos deste exercício, e é triste. Porque percebo que isto de apagar o que não vale a pena, em vez de ser uma prova de maturidade ou de auto-confiança, do género vou-rasgar-todas-as-cartas-de-amor-que-ele-me-escreveu-e-queimar-as-fotografias-onde-estamos-juntos-porque-mereço-melhor, é quase patético: aquilo que apago é tão inócuo e tão pouco veemente que sou eu que me fico a perguntar porque é que não desapareceu da minha cabeça há mais tempo. Ou do meu telemóvel, pelo menos.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

A febre do Euro 2008

Parece que não afectou toda a gente. Apesar dos maluquinhos que festejaram a primeira vitória de Portugal como se fosse já a conquista do título europeu, parece que a febre do Euro 2008 não afectou toda a gente (a mim afecta-me durante os jogos, naqueles 90 minutos não me telefonem, não me chateiem, não me façam perguntas difíceis, dêem-me um ecrã generoso, boa companhia... e um granizado de champanhe feito pela Bimbi, já agora).
Sábado à noite, vários cachecóis ao peito pelo Bairro Alto fora, e naquele espírito de quem ganhou um jogo e está de férias, o meu irmão diz ao taxista, no final da viagem:

"Adeus, boa noite. E que Portugal ganhe o Euro, hein?"

Foi pior do que dizer-lhe "e que a gasolina não pare de aumentar e o Sócrates proíba os taxistas de circular, hein?"

O senhor ficou revoltado, chocado, fora de si. Disse que o ordenado que os jogadores recebem é insultuoso. Vociferou qualquer coisa contra o facto de, só por estarem no Euro, ganharem mais mil euros por dia. E no meio de uma revolta imensa, entre uma série de palavras que eu não percebi, terminou dizendo:

"Se fosse eu a mandar era dar-lhes uma caganeira a todos."

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Bang Bang

He shot me down.

Quem me dera...

... poder dizer tudo o que me vai na cabeça, como quando tinha 15 anos.
Assim de repente, e depois das várias pessoas de diferentes fases da minha vida que encontrei recentemente, tenho um milhão de palavras entaladas na garganta.

gosto de ti.
deixas-me sem palavras.
estás mal vestida.
fazes-me rir.
às vezes odeio-te.
um elogio teu é o elogio mais importante do mundo.
desculpa não ter percebido que estavas a chorar ao telefone.
beija-me.
posso-te espetar com um alfinete a ver se acordas?
quando estou ao pé de ti sou uma pessoa melhor.
canta-me uma canção.
esse saco é piroso.
assusto-te?
preferia que não me tivesses mandado mensagem de parabéns.
no que é que estás a pensar?
tinha uma prenda para ti e não ta dei.
odeio estar de volta a isto.
essa conversa dá-me sono.
tenho saudades tuas.
não gostas de nada.
antes de ser assim já fui espontânea.
menti.

Quando entro no carro...

... e ponho a música do rádio aos gritos, das duas uma:
ou estou muito feliz
ou muito muito muito irritada.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Escrever com barulho de fundo

É quinta-feira à tarde e a CGTP tomou de assalto a Avenida da Liberdade. E ao barulho do berbequim das obras do prédio em frente, que nos acompanha há longos meses, juntaram-se os gritos de ordem

CÊ-GÊ-TÊ-PÊ!
CÊ-GÊ-TÊ-PÊ!

ou o sempre antigo mas nunca fora de moda

A LUTA CONTINUA!

E é nestas alturas que eu, que entretanto despachei um texto importante sem usar a palavra sindicalismo ou manifestação apesar do caos que nos entra pela janela, começo a perceber que, por este andar, sou capaz de escrever em qualquer lado. Dêem-me uma data de fecho e dêem-me sobretudo isto: uma semana de férias a dois dias de distância.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Sukkar Banat


Entornei salada de frutas nas calças; fiz aquelas figuras de perguntar ao funcionário da Fnac onde - ondeeee! - estava o DVD, com ele mesmo à frente dos olhos; ultrapassei o olhar condescendente do rapaz que me passou a caixa para as mãos; bloqueei aquelas máquinas maravilhosas de pagamento self service a tentar usar o multibanco... mas o Caramel é meu. E logo à noite (muito à noite, prevê-se que só lá para a uma da manhã), a Nadine Labaki e o seu Sukkar Banat não me escapam.