terça-feira, 16 de dezembro de 2008

E depois ele calou-me...

... e disse:
cinzento + cor-de-rosa = vermelho escuro.

Ou melhor:
cinzento + rosa = amore profondo rosso.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Daltonice*

Eu vejo o mundo cor-de-rosa.
Ele vê o mundo cinzento.

*eu sei que é daltonismo. Isto é apenas uma private, daquelas que me fizeram rir até doer a barriga.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Conhecer

Houve um momento na vida em que achei que havia amizades para sempre. Ou pessoas que são uma espécie de nossas almas gémeas práticas: que nunca nos falham e sabem sempre dizer como a frase em que estamos a pensar acaba, mesmo quando ainda só dissemos as primeiras palavras. Almas gémeas práticas são pessoas imperfeitas, mas com uma ligação connosco maior do que essa imperfeição. São muletas, ombros, ouvidos, apoios, amparos, o nome que se lhes quiser dar. Pessoas com radares incorporados e sintonizados só para nós. Pessoas que achamos que conhecemos.
O tempo e a vida, claro, encarregaram-se de me mostrar que não há amizades para sempre, e que almas gémeas, mesmo imperfeitas, são coisa que não existe. O pior foi o momento em que, para lá de perceber que ninguém nos ouve se não dissermos nada, e que radares sintonizados só para nós só estão dentro de nós mesmo, foi perceber que, mesmo quando falamos, às vezes nem assim nos ouvem.
Sempre gostei de pensar que há pelo menos duas ou três pessoas na minha vida que conheço mesmo. É uma espécie de conforto, um investimento com ida e volta, porque as pessoas que eu acho que conheço mesmo são as pessoas a quem eu me mostro mesmo. E isso às vezes é um descanso, embora também possa ser a afirmação da vulnerabilidade absoluta.
Por isso é que não sei bem como reagir quando há momentos - como agora - em que acontece alguma coisa que me faz concluir que não conheço ninguém, que nunca conhecemos verdadeiramente a pessoa que está ao nosso lado. E que tentar sequer conhecer alguém é uma tarefa perdida à partida. Ou porque as pessoas se escudam, ou porque são para nós uma representação de algo que se calhar até gostariam de ser, ou porque têm uma dimensão inalcançável e até mesmo obscura à qual nunca chegaremos, ou simplesmente porque são mentirosas e falsas e um dia descobre-se um segredo horrível e o passado todo que se viveu é revisto em perspectiva do que se descobriu, como se nunca tivéssemos vivido aquilo porque a pessoa que conhecíamos não pode ser a mesma que escondeu o segredo terrível.
Não sei o que fazer ou como reagir porque odeio pensar que há coisas inalcançáveis à partida, ou duas faces para tudo. É que já é tão cansativo lidar com uma realidade, que nem sequer quero pensar o que será ter de lidar sempre com duas, em todo o lado, a que se mostra e a que se esconde.

Por favor, senhores da publicidade...

... não me enviem mensagens para o telemóvel que começam com a pergunta:
"Há quanto tempo não faz exercício físico?"

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Internem-me

Estou naquela fase em que olho para ele pelo canto do olho e começo a sorrir sozinha.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Porque é que eu gosto de andar a pé

a) Porque reparo sempre em qualquer coisa nova numa rua onde já passei 20 vezes.
b) Porque é o único momento em que deixo a minha cabeça divagar pelos assuntos mais sérios ou mais palermas sem achar que estou a perder tempo ou que podia estar a fazer outra coisa qualquer.
c) Porque de repente há uma janela com um espanta-espíritos pendurado, e o som agrada-me.
d) Porque mesmo no Inverno cheira a Verão (isto é, a peixe grelhado).
e) Porque há cortinas abertas ou portas mal fechadas e casas que se deixam mostrar (e histórias e personagens que começam a ganhar asas na minha imaginação).
f) Porque posso perder tempo a ver montras-que-estavam-mesmo-ali--no-caminho-para-serem-vistas-e-já-agora-deixa-me-cá-entrar-só-para-ver-o-que-há-mais.
f) Porque depois de andar durante 40 minutos, para cima e para baixo (malditas colinas), convenço-me de que perdi pelo menos meia grama de celulite.