Quando era pequena, lembro-me de ouvir a minha mãe comentar, em certas músicas, que ficava nostálgica e que eram “do tempo em que era nova, que saudades”. Eu ria-me das capas dos discos, dos cabelos compridos e encaracolados à cão d’água, dos bigodes farfalhudos, e chamava-a exagerada por não conseguir ouvir uma música sem lhe colar toda a bagagem dos anos passados. Hoje dou por mim surpreendida por músicas “do meu tempo” e já sei o que é essa nostalgia dos 15, 16 anos, das baterias aos gritos na aparelhagem que nunca me cansavam, das letras de amor que me faziam chorar baba e ranho e ficar com os olhos tão inchados como duas esponjas na água, com a certeza de que a minha vida tinha acabado porque o não sei quantos não me ligava nenhuma. Sei o que é isso e acho que não há nada que nos transporte tão bem para uma determinada idade, Verão ou fase, do que uma canção. Ainda não tenho filhos, mas já tenho a certeza: vou andar com eles no carro, vou ser surpreendida por uma música e também eu vou começar com a história do meu tempo e das saudades. Eles que gozem à vontade.
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