terça-feira, 16 de setembro de 2008

Velejar





Passaram-se anos e anos sem andar de barco, e de repente, foram sete vezes em quatro meses. Primeiro em trabalho, numa conferência de imprensa entre as duas margens; depois numa festa, com música aos berros e os pés pretos de dançar descalça no cais; depois para viajar entre ilhas ou ir explorar vulcões e mergulhar; e finalmente, para não fazer nada. Andar de barco para não ir a lado nenhum era só o que me faltava. Depois deste último domingo, já não falta. E descobri que andar sem saber para onde se vai, literalmente ao sabor do vento, é M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O.

Saímos pela manhã, no veleiro do Zé, um senhor de 85 anos daqueles que nos fazem pensar "quero envelhecer assim". O Zé tem um barco, o Zé viaja, faz ginástica, conhece a actualidade, compra jornais, é um conversador nato, com o cabelo muito branco e os olhos muito claros, de uma inteligência erudita daquelas de dizer "quem me dera voltar atrás, aos meus 15 anos, mas não saber nada do que sei hoje. Se soubesse, perdia-se tudo, perdia-se a surpresa, perdia-se metade da graça, porque o que é bom é estar sempre a aprender." E o Zé deve achar, de uma maneira muito carinhosa, que os jornalistas são enciclopédias ambulantes ou aspiradores de informação, porque sempre que fala comigo começa as frases por "Você que é jornalista..."

Almoçámos no meio do Tejo: eu, o Zé, o João, que me desafiou, a Joana, que dá aulas de piano, e uma amiga do Zé. Queijo de cabra, salada, salgados, sumo, espumante, batatas frias e a ponte 25 de Abril quase em cima das nossas cabeças. E nem uma brisa para entornar os copos ou provocar enjoos. Perfeito.

O João disse que eu não podia ter tido mais sorte com o primeiro dia de vela: esteve calmo na hora de almoçar, levantou-se vento na hora de querer conhecer outras margens. E eu que antigamente quando olhava para os veleiros quase deitados na água dizia que nunca na vida me ia enfiar numa coisa dessas, lá fui, sentada na proa, feliz, a levar com o vento e o sol na cara... e a agarrar-me com unhas e dentes a todos os cabos que estavam disponíveis. Não fosse o barco dar uma guinada e apanhar-me desprevenida.

2 comentários:

Ana disse...

Também gosto muito de andar de barco, embora não tenha andado tantas vezes como gostaria. Quando fui aos Açores, entre ilhas andei e achei maravilhoso. O teu passeio também deve ter sido, a avaliar pelas fotos :) E que engraçado esse sr. Zé :)
Beijinhos

Buttafly...fly...fly... disse...

POis eu detesto andar de barco... Cada vez que tentava enjoava, até que desisti. O meu ex tinha um e às vezes era um suplício só a ideia de ir. Enfim, se gostas, enjoy!

;)