"Por trás de toda a acção havia um protesto, porque tudo significava sair de para chegar a, mover algo para que estivesse aqui e não ali, entrar nessa casa em vez de não entrar ou entrar na do lado, ou seja, em cada acto havia a admissão de uma carência, de algo que ainda não fora feito e que era possível fazer, o protesto tácito diante da evidência contínua da falta, da quebra, da escassez do presente."
"Aquilo a que muita gente chama amar consiste em escolher uma mulher e casar-se com ela. Escolhem-na, juro-te, eu vi-os fazerem-no. Como se se pudesse escolher no amor, como se o amor não fosse como um raio que te parte os ossos e que te deixa petrificado no pátio. (...) Não se pode escolher Beatriz, não se pode escolher Julieta. Tu não escolhes a chuva que te vai ensopar até aos ossos quando sais de um concerto."
in O Jogo do Mundo (ed. Cavalo de Ferro)
12 comentários:
Mas É uma escolha. As mulheres escolhem não me amar. Todas.
Mas talvez possamos escolher a forma como nos decidimos curar da gripe que a chuva nos causa...
Não sei.
Eu tenho medo do amor.
É isso.
Lindo texto.
Já achei que não se podia...
Agora acho que, dentro de certos condicionalismos, é uma escolha que se faz. E gosto dessa perspectiva!
Malandra, o Cortázar é da Cavalo de Ferro =). A César o que é de César, ou lá como se diz.
Muah*
haha, já estava era a dormir. E com o livro ao lado. =P
Já corrigi.
E o N.S?
Mas escolhes levar um chapeu de chuva.
E se não tens chapéu de chuva? E se tens mesmo de sair porque as portas do sítio onde aconteceu o concerto vão fechar? Mesmo que ainda te lembres de outra maldita (ou abençoada) chuva que te molhou até aos ossos, não tens escolha senão sair e ficar de novo encharcada...
É muito fácil dizer "não te envolvas". Como é que se impede?
Beijo. Gosto muito dos teus posts.
Espiral
tens um desafio no meu blogue :) *
eu espero :) beijinho e boa semana * escreve coisinhas, eu gosto de as ler!
Cheguei aqui pela pipoca. E gostei!
se calhar pode-se escolher ou não, se calhar é mais bonito quando não se escolhe, pode doer mais, mas é mais bonito. deixar de amar também se pode escolher, mas dói muito mais quando não foi nossa escolha... se calhar nem é nada disto... de qualquer forma obrigado por me provocares reflexão.
engraçado, hoje mesmo me ocorreu esse trecho do livro e fui buscar para reler. publiquei lá no meu blog.
parabéns pelo blog.
Enviar um comentário