... Uma amiga que faz contas à vida para ver se pode ter um filho e diz que um dia destes talvez vá em frente porque sempre teve qualquer coisa de kamikaze; outra amiga que está cansada de empregos-que-equivalem-a-pensos-rápidos e pela primeira vez pensa seriamente em emigrar porque não tem dinheiro para pagar as contas do próximo mês; uma terceira amiga que é avisada ao dia 7 de Novembro que não vai receber ordenado até ao final do ano e é suposto continuar a ir trabalhar e dar sempre mais e ainda planear as festas felizes e os presentes pelo meio, ho ho ho. As três a falarem disto na mesma tarde, a terem de lidar com isto ao mesmo tempo, como que unidas por uma estranha e injusta fraternidade.
Ontem um colega meu riu-se às gargalhadas quando outra colega disse "quando a crise acabar acho que isto e aquilo". Foi o mesmo riso de quem ouve alguém dizer que vai à lua passear num balão de ar quente e foi tão espontânea a descrença que eu ri-me com ele. Mas hoje vi angústia e falta de esperança em pessoas de quem gosto muito. E não sei se ria se chore.