terça-feira, 8 de abril de 2008

As pessoas que não nos querem ver felizes

Não acredito em bonecas vudu, em pragas, em mau-olhado, em invejas capazes de mexerem com a nossa felicidade (e darem cabo dela). Mas às vezes até acredito.
Há uns meses disseram-me “Espero que nunca sejas feliz.” Não liguei, desvalorizei, respondi que sabia que não era verdade, que era apenas da boca para fora e ia passar. Mas a réplica foi “não, não é da boca para fora, é o que penso. Espero que nunca sejas feliz.” Depois disso, não disse mais nada. Mas a verdade é que, volta e meia, esta frase volta para me atormentar.
Dizem que as pragas de ex-namorados são fortes e custam a passar. E eu até concedo que em matéria de amores a irracionalidade e o ciúme disparam mais depressa que um foguete em direcção às estrelas. Que é quase normal que se digam estas coisas quando a separação não é amigável, porque é impossível imaginar o nosso amor com outro amor ou dar-lhe uma palmadinha nas costas e falar sobre novas paixões. Perder numa relação não é perder num derby, a raiva e a dor de cotovelo não passam no dia seguinte. Nem no mês seguinte sequer (no Sexo e a Cidade a Charlotte defendia que o tempo de luto de uma relação deve ser calculado em função do total, e que para um namoro de dois anos é preciso um ano de luto, para três semanas uma semana e meia, e por aí fora… o que até faz algum sentido, apesar de pretender dar um lado exacto a uma “ciência” que não tem nada de exacto).
Enfim, a questão é quando a dor de cotovelo não passa NUNCA. Ou quando nem sequer vem de uma relação amorosa mas de um pretenso amigo, de um familiar ou de um conhecido. Quando há pessoas que pura e simplesmente não nos querem ver felizes.
Descobri que tenho uma veia assassina para com estas pessoas. Que se abrir bem os olhos descubro que há mais gente assim do que imaginaria, não só à minha volta mas à volta de pessoas de quem realmente gosto. Gente que se alimenta da nossa infelicidade, que espera o passo em falso para ser moralista, que ao perguntar como vai a vida responde um sonso “aaaaaaaaaannnnn” se dizemos que estamos maravilhosos e felizes. Pessoas que parece que se alimentam da desgraça alheia, como se a desgraça alheia lhes pudesse dar um sentimento de utilidade para salvar o desgraçado.
Acho que, odiando essas pessoas pelo seu egoísmo, devia desejar que nunca fossem felizes. Devia retribuir esse malfadado “espero que nunca sejas feliz.” Mas ainda assim continuo a querer é que vão à sua vidinha. Que sejam felizes e se esqueçam de mim no meio de tanta alegria. É isso, que se esqueçam de mim. Porque nunca se sabe o que um mau-olhado ou uma inveja cega podem fazer a uma pessoa.

8 comentários:

Sally disse...

Eu acho que conheço alguém assim. Não me disse na cara mas quando ganhou uma certa confiança começou a dizer mal de mim, das coisas que fazia.. etc etc.. e dps diz-se muito minha amiga, sim claro!

SMS disse...

Muito bom post! Escrito com raiva e vísceras e tudo. Eu também conheço uma pessoa assim. É o meu pai. Também me desejou que nunca fosse feliz. Sabes o que eu fiz? Fui, sou e vou continuar a ser feliz. Felicíssima. Quanto a ele... distância. As pessoas que nos querem mal devem ser mantidas à distância. Tenta apagar essa frase da tua cabeça. E... ser feliz para catatau. Bem mereces!

apipocamaisdoce disse...

És querida, e simpática, e gira, e esperta e muito boa pessoa. Acho IMPOSSÍVEL que não sejas feliz, por maior que tenha sido a praga.

penim disse...

sublinho o comentário da pipoca. e acrescento 'jovem' ao leque de características que ela te atribuiu.

beijinhos desaparecida*

Anónimo disse...

arranja um namorado q isso passa:)

KEEP IT GOLDEN disse...

Em conversa uma vez com uma pessoa, ela vira-se e diz-me:
'A felicidade alheia irrita-me.'

Afinal há mais pessoas assim.

elisa disse...

Vale o que vale, mas eu que não te conheço de lado nenhum, que estou a comentar pela primeira vez, desejo que sejas muito feliz:)
Juro que não percebo este tipo de pessoas. No pior dos casos, eu desejo que as pessoas vão ser felizes para longe de mim.

Maria Inês disse...

Quatro coisinhas:

Primeira: (esqueci-me de dizer no outro comentário que fiz a outro post...) adoro o teu blog;

Segunda: Espero mesmo que sejas muito feliz!!! =)

Terceira: Não concordo com a Charlotte porque isso seria um desperdício de tempo imenso!! O meu último namoro durou 4 anos, olha o que eram 2 anos desperdiçados em luto, que horror! Duas semanas chegaram! (mas há que salientar que não acabámos "mal"...)

Quarta: Um bom lema a usar com esse tipo de pessoas é o "desejo a todos o dobro do que me desejam mim!" ;p