Hoje um colega disse-me que estive todo o dia "entre planetas". Acho que sim.
Às três da manhã não tenho sono, se não janto não me faz grande diferença, e sou capaz de me por a mascar pastilha em vez de ver se durmo só para extravasar esta sensação de estar a fazer alguma coisa, quando não sei bem o que fazer.
Não sei de onde caiu esta ansiedade, mas é como se de repente tudo fosse urgente: dormir menos, passar menos tempo a fazer ninharias e parvoíces, sair mais, escrever mais, conhecer mais pessoas, estar mais tempo com as amigas, deixar o coração sair pela boca ao lado de alguém e só dizer dois ou três monossílabos completamente idiotas porque o coração na boca não deixa dizer mais.
De manhã não me sinto cansada por aí além, e dou por mim com um irritante hábito de família que não tinha até aqui, de abanar o pézinho freneticamente quando estou sentada. Ou tamborilar os dedos no tampo da mesa. Por estar parada. Porque há demasiada coisa a acontecer por aí, e o tempo não espera, e eu começo a acreditar que aquela frase fatalista do Karl Valentin de que o Jorge Silva Melo falava no outro dia está cada vez mais certa: "Antigamente o futuro era muito melhor."
E depois há esta sensação. A sensação do final de um dia em que se esperava que acontecesse alguma coisa de importante, e não aconteceu nada. É a sensação de um nada terrível, imenso, que nos deixa entre a depressão e a idiotice. Porque o momento passa mas alguém não diz alguma coisa que era suposta, ou não se passa nada e é tudo normal quando devia ser extraordinário. No fim já nem sequer há ansiedade. E eu chego a pensar que se sente mais o nada do que um milhão de coisas.
1 comentário:
Também sofro muito de insonias e ontem mascava apenas pastilhas de noite... ha dias (ou noites) assim nao é?
Vejo que aqui ha um gostinho de Vanessa Paradis :)
Beijo meu,
A Elite
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