terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Afinal

Passei uma semana inteira cheia de sono, sem genica nenhuma para nada, e afinal bastava ter feito um telefonema.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Polícias ou ratazanas

É o que dá andar num curso de história do cinema onde o tempo é apertado: começa-se com o Cops do Buster Keaton (e eu já sei que posso ver aquilo duzentas mil vezes que me vou rir sempre nas mesmas partes), e uma hora e meia depois estamos a ver o Nosferatu do Murnau. Agora vamos lá a ver com qual dos dois sonho: fugas desenfreadas da polícia e gags cómicos, ou vampiros maléficos e ratazanas a trazerem a peste para a cidade.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Arroz de marisco à uma da manhã

Na quinta-feira à noite, depois de ver o Impressing the Czar do William Forsythe no CCB (genial, by the way), fui jantar com dois amigos. Como a coreografia acabou já passava um bom bocado das onze da noite, fomos tarde e a más horas à procura de um restaurante que ficasse perto e que ainda nos servisse àquela hora. Acabámos em Alcântara, numa das cervejarias ao pé do viaduto. Era noite de jogo do Benfica e tinha chovido bem, por isso estava tudo bastante deserto. Tirando os pobres caranguejos e sapateiras no aquário ou duas ou três almas sentadas ao balcão, com ar de querer afogar a solidão numa mini, éramos os únicos no restaurante.
Uma das coisas de que falámos foi da loucura que são os dias de hoje: eles andam a trabalhar dia sim dia sim até às tantas e dizem que o gabinete onde estão está tão animado às 21.30 como se fossem três da tarde. Eu andei a tomar calmantes todos os dias desta semana (fraquinhos fraquinhos, nem sei se Valdispert é considerado um calmante, mas vamos lá dar um ar dramático à coisa, que eu antigamente nunca me metia nisto), e qualquer um de nós confessou que não consegue vislumbrar uma acalmia, pelo menos nos próximos tempos. Enquanto atacávamos as azeitonas - as mais amargas da minha vida, percebi ao fim de duas -, e o pão quente com manteiga de alho, queixávamo-nos de não ter tempo para nada, e sobretudo deste stress todo quase parecer normal hoje em dia, quando olhamos para o lado e conhecemos pelo menos mais meia dúzia de pessoas na mesma situação.
Por um lado é completamente triste que nunca consigamos combinar mais coisas, que tenhamos de deixar de lado convites e gostos porque simplesmente não temos tempo para eles ou não queremos que tudo na vida esteja marcado e tenha horários e se torne quase uma obrigação. Mas por outro, houve um momento em que tive uma epifania. Senti-me realizada e senti-me feliz: eram quase duas da manhã de um dia de semana, e nós estávamos ali, cansados que nem perús, a partilhar uma caçarola de arroz de marisco numa cervejaria deserta de Âlcantara e a falar como se nos víssemos todos os dias. E posso ter dormido pouco nessa noite, porque me deitei já de madrugada, mas juro que aquele momento me valeu por mais do que mil calmantes ou doze horas de sono.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

12 e podiam ser mais

A SMS passou-me um desafio: apontar as minhas 12 palavras preferidas, e dizer porquê. Aqui vão:

gargalhada - gosto que não seja fácil de dizer, que se enrole na língua. É riso hardcore, não é para ser tímido. Gosto de gargalhadas com personalidade, quase obscenas.

praia - vou todo o ano e até posso passar por maluca por ir ao banho em Novembro, mas quando é para me espojar na areia, não pensar em nada, apanhar sol e boiar no mar, não me armo em esquisita. É provavelmente o sítio mais perfeito que existe, com sol e calor.

dormir - houve um tempo em que queria ser uma espécie de Marcelo Rebelo de Sousa e não precisar de mais do que umas três ou quatro horas por noite, para poder fazer muito mais do que faço. Hoje em dia não. Gostava de dormir mais. É tãaaaaao bom.

amor - os franceses souberam prolongar a lânguidez da palavra, e às vezes tenho pena que o nosso amor não se demore mais na boca. (sempre há a estratégia do Tarcísio Meira de dizer amorrrrrrr, mas isso também já é ridículo de mais). De resto, qualquer definição acerta ao lado: amor é amor é amor.

margarida - é a minha flor preferida, é a minha bebida preferida (versão cocktail made in Mexico), e quem me conhece sabe que se eu pudesse trocar de nome era para ser a Gui.

pestana - é das primeiras coisas em que reparo numa pessoa. E apesar do meio pânico de perder uma e temer ficar careca de pestanas, gosto do jogo de pedir um desejo entre os dedos e o soprar.

detalhe - no outro dia alguém dizia que não gostamos de uma pessoa ou de uma coisa pelo seu todo, mas por uma série de detalhes. Concordo. São os detalhes pelos quais nos apaixonamos, são os detalhes de que temos saudades (aí está outra palavra bonita, mas triste) - coisas tão parvas ou pormenores tão simples como dobrar as folhas sempre em desproporção, e nunca a meio.

cerejas (e morangos e amoras bravas) - faz-me pensar em verão, em lábios vermelhos, em andar a apanhar fruta e a comê-la logo de seguida. No Eugénio de Andrade.

mãe - a minha fez e faz as vezes de mãe e de pai. E também quero saber, um dia, como é que isso soa quando não for eu a dizer mas a ouvir.

livro - tenho a pancada de agarrar e pousar um novo umas dez vezes, noite após noite, antes de finalmente o abrir. Gosto do objecto, do que tem dentro, do tempo que demora e de haver uma certa pena quando acaba. Não gosto de livros velhos, gosto de ser a primeira.

ronron - um bocadinho lamechas mas uma bela imitação de onomatopeia para o rrrrrrrrrrrrrrrrrrr que sai de um gato feliz e que tantas vezes é suficiente para começar bem o dia.

impulso - tem vontade própria, propulsão. Às vezes é demasiado inconsciente (tantas vezes, logo no minuto a seguir, parece a coisa mais estúpida que já se fez), mas tem sempre o benefício de que nada fica na mesma. E é sincero.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Piropo da noite

"Quero-te tirar uma fotografia para pôr no tecto do quarto e assim todas as noites ver a Lua."

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Percebo que estou velha quando...

chego ao final da semana e numa sexta-feira à noite troco um concerto no Music Box por uma pizza encomendada em casa e um episódio da nova temporada de Brothers & Sisters.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

l.o.v.e

Na Rua Augusta, fico babada a olhar para a montra da H&M: em cabides e penduradas com molas, estão as t-shirts da nova colecção Fashion Against Aids, em que vários artistas assinam camisolas e casacos para alertar para o problema da sida. Agarro na t-shirt dos Good Charlotte, com um casalinho triste de guarda-chuva debaixo de uma nuvem, ao bom estilo emo; no tank top das Chicks on Speed, com uma bela boca escarlate a todo o comprimento, e pára tudo quando vejo a t-shirt da Nina Persson, dos Cardigans: umas letras pretas a dizer LOVE com uns cupidos fofinhos pelo meio. Compro esta (e a das Chicks on Speed, vá), e venho de saco na mão a fazer contas e a chegar à conclusão de que esta será talvez a terceira t-shirt a dizer love que tenho no armário. Depois lembro-me do título do blogue, tão recém-nascido, e lá está o love de novo. Mais à frente, em plena praça dos Restauradores, esbarro na escultura do Robert Indiana, aquela das letras vermelhas a dizer AMOR, e gosto.
É uma estranha proporção: tanto amor escrito em todo o lado e tão pouco onde ele faz sentido e nunca mais o senti. Mas contas feitas e t-shirt por estrear, acho que isto é um bom sinal. Ainda gosto do love mesmo quando ele não quer nada comigo, ao ponto de andar por aí a anunciá-lo aos quatro ventos, estampado no peito.
E no fim, o amor muitas vezes até é sobrevalorizado. Passa-se um São Valentim inteiro sem love nenhum, e ele não faz a mínima falta, porque uma amiga nos deixou o cartão mais bonito de sempre entalado no teclado do computador.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Que bonito...

Mata-se uma pessoa a trabalhar, vai para o emprego uma hora antes para fazer uma entrevista para a Bélgica, passam-se horas inteirinhas a ouvir o berbequim furioso do prédio do lado, e no final do dia ainda tem de se ouvir um médico dizer: "Tem de se tratar. É que se já está assim aos 24 anos, aos 50 está podre."
Obrigadinha por notar.

Circunstâncias

Há uns tempos, uma amiga dizia-me, desanimada, que “a amizade é circunstancial”. Que somos amigos de determinadas pessoas em determinadas circunstâncias da vida, e que deixamos de ser quando essas circunstâncias mudam. “Mas não”, lembro-me de ter exclamado, cheia de uma filosofia positiva saída nem sei bem de onde – “o que se faz é generalizar e chamar de amizade relações que não são de amizade, porque a amizade é o que ultrapassa essas circunstâncias”, e mais um bla bla bla infinito de que os verdadeiros amigos continuam presentes na nossa vida apesar de circunstâncias, fases da vida ou mudanças de emprego.
Não sei se era ela que já sabia mais do que eu nessa altura, se fui eu que passei a saber menos e me tornei mais amarga, mas nunca como agora a amizade me pareceu tão circunstancial. E pergunto-me qual foi o momento em que passámos a ver-nos sem nos ver.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Remédio

Nas urgências do hospital dão-me umas drogas para as dores de rim que não curam as dores de rim, e eu pergunto-me o que teria sido do meu fim-de-semana se:

a) as minhas coisinhas da Paul Frank não tivessem chegado dos Estados Unidos (depois de uma escala em Paris) e nelas não viessem as calças de pijama mais bonitas do mundo;

b) a minha mãe não tivesse aparecido com uma gigantesca taça de morangos com açúcar - os primeiros do ano e simplesmente deliciosos (é estranho é, mas sabiam mesmo a morangos);

c) não estivesse um sol de Primavera (é nestas alturas que vejo que sou uma ambientalista de meia tigela, porque estão 20 graus em Fevereiro e fico toda contente) e não tivesse ido almoçar em frente ao mar;

d) com o iPod no shuffle, e no meio da gritaria das bandas rock e hardcore, não começasse a tocar o "Wonderful Life" dos Black.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Para me lembrar


Agora tenho esta imagem no visor do telemóvel.
Não sei se foi o próprio Banksy que escreveu aquilo no muro, mas para mim serve.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Entre planetas

Hoje um colega disse-me que estive todo o dia "entre planetas". Acho que sim.
Às três da manhã não tenho sono, se não janto não me faz grande diferença, e sou capaz de me por a mascar pastilha em vez de ver se durmo só para extravasar esta sensação de estar a fazer alguma coisa, quando não sei bem o que fazer.
Não sei de onde caiu esta ansiedade, mas é como se de repente tudo fosse urgente: dormir menos, passar menos tempo a fazer ninharias e parvoíces, sair mais, escrever mais, conhecer mais pessoas, estar mais tempo com as amigas, deixar o coração sair pela boca ao lado de alguém e só dizer dois ou três monossílabos completamente idiotas porque o coração na boca não deixa dizer mais.
De manhã não me sinto cansada por aí além, e dou por mim com um irritante hábito de família que não tinha até aqui, de abanar o pézinho freneticamente quando estou sentada. Ou tamborilar os dedos no tampo da mesa. Por estar parada. Porque há demasiada coisa a acontecer por aí, e o tempo não espera, e eu começo a acreditar que aquela frase fatalista do Karl Valentin de que o Jorge Silva Melo falava no outro dia está cada vez mais certa: "Antigamente o futuro era muito melhor."
E depois há esta sensação. A sensação do final de um dia em que se esperava que acontecesse alguma coisa de importante, e não aconteceu nada. É a sensação de um nada terrível, imenso, que nos deixa entre a depressão e a idiotice. Porque o momento passa mas alguém não diz alguma coisa que era suposta, ou não se passa nada e é tudo normal quando devia ser extraordinário. No fim já nem sequer há ansiedade. E eu chego a pensar que se sente mais o nada do que um milhão de coisas.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Mensagem pendente

Quando estavas a falar comigo juro que conseguia ouvir o meu próprio coração a bater.